A Importância de um Título
Um dos primeiros títulos que conheci de Oscar Wilde, A Importância de se Chamar Ernesto, que considero, em português, uma obra-prima dos títulos e um dos mais apelativos que conheço, depois de alguns anos, chegou-me às mãos.
Fui lendo as outras obras, sempre agradado, e preparava-me, agora, para pedir emprestada uma edição espanhola, quando me apareceu a minúscula edição em inglês, da Penguin Popular Classics, por um euro e meio.
Li, por isso, The Importance of Being Earnest.
Provavelmente todos o sabeis já, mas eu, apenas depois de ler o título, distraidamente, uma terceira ou quarta vez, percebi que nele não está o nome Ernest, mas o adjectivo Earnest. (sério).
A descoberta confundiu-me consideravelmente. Senti a curiosidade que tinha alimentado ao longo dos tempos, subitamente, duplicada e irreprimível e vi-me a entrar no livro com uma vontade muito superior ao habitual noutras leituras.
Será assim tão importante que alguém se chame Ernesto?
É, indubitavelmente! Basta ler este opúsculo dramático, luminoso e iluminado. Dividido em 3 actos, que se estendem por 67 escassas páginas, faz desfilar factos e revelações vividos por personagens tão ricas e interessantes que certamente não desdenharíeis conhecer e tomar como amigos, apesar de poderem, por pertencerem à alta sociedade aristocrática do final do século XIX, não comungar da vossa classe social.
Não deveria nomeá-las porque vos estarei a revelar dados essenciais para a compreensão da peça, mas reparai nos exemplos que passo a transcrever, representativos da personalidade de algumas personagens.
Primeiras falas da peça, entre um criado e o seu amo:
- Did you hear what I was playing, Lane?
- I didn’t think it polite to listen, sir.
Diz Lady Bracknell, perto do fim da peça:
- To speak frankly, I am not in favour of long engagements. They give people the opportunity of finding out each other’s character before marriage, which I think is never advisable.
Falas entre as duas nada estouvadas personagens femininas principais, acerca dos pretendentes a quem espreitam e com quem estão zangadas:
- They have been eating muffins. That looks like repentance.
- They don’t seem to notice us at all. Couldn’t you cough?
- But I haven’t got a cough …
A peça critica muito e diverte mais e, confesso, o mistério da importância de alguém se chamar Ernesto é um leitmotif singelo e perfeito.
The Importance of Being Ernest, obra-prima da comédia moderna, de Oscar Fingal O’Flahertie Wills Wilde, representada pela primeira vez em 1895, no St James’s Theatre, de londres, estudada ao longo dos tempos e passada a filme em 1952, realizado por Anthony Asquith, e em 2002, por Oliver Parker.
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