quinta-feira, 8 de junho de 2023

Trilogia - Jon Fosse




I

Na primeira novela, Asle e Alida vagueiam exaustos no frio, na chuva e na escuridão do fim de Outono pelas ruas de Bjørgvin em busca de um abrigo. Apesar de Alida estar grávida, ou justamente por isso, todas as portas se fecham. 

O início de Trilogia ganha contornos de uma parábola bíblica, ressoando a história de Maria e José, não fosse os contornos macabros indiciados gradualmente, pois na sua fuga ao passado em Dylgja e na chegada a uma nova morada Asle deixa um rasto de morte.


Asle e Alida vagueavam pelas ruas de Bjorgvin. Alida está prestes a dar à luz e ninguém lhes dá guarida. Vêm de Dylgja.

É filha de Herdis do Penhasco e de Aslak. Este desapareceu quando ela tinha 3 anos. Tem uma irmã, Oline, 2 anos mais velha.

Asle é filho de Silja e de Sigvald: este desapareceu no mar e a mãe morreu há um ano, tinha Asle 16 anos.

Asle ficou com o violino do pai. Depois Alida foi viver com ele na casa do Ancoradouro, que tinha sido emprestada ao pai, que era pescador. Mas o dono volta e expulsa-os. Vão a casa de Herdis, mas acabam por fugir para Bjorgvin: não se sabe se Asle roubou o barco ao dono da casa do Ancoradouro e se agrediu ou matou Herdis, para sair com as notas que Alida tinha tirado do frasco oculto da mãe.

Conheceram-se num baile onde Asle e o pai foram tocar violino.

Em Bjorgvin não arranjam onde dormir e chega a noite e a chuva. E entram para a casa de uma velha: não se sabe o que fez Asle à velha. Aquecem-se ao lume e dormem.

II

Na segunda novela, Asle e Alida chamam-se agora Olav e Åsta Vik. Apesar do sonho de refazer a sua vida neste novo lugar, o passado persegue Olav, na figura do Velho, que promete manter o segredo em troca de uma cerveja.

Dormem dormem e dormem. Alida acorda e sente as dores do parto a aproximar-se. Asle vai procurar uma parteira. Encontra um homem que lhe diz para ir com ele. Dirige-se à casa da Parteira-Nova, a casa onde Alida e Asle dormiram. Como ela não está, o homem diz a Asle que tem de ir a casa da Parteira-Velha, em Stukevika. Está vem e como encontra a Parteira-Nova, faz ela o parto. Nasce Sigvald.

OS SONHOS DE OLAV

Asle é agora Olav e Alida é Asta e vivem em Bargen. E Olav vai a Bjorgvin comprar anéis e é seguido por um velho, o homem que andava na rua. Este acusa Olav de ter morto 4 pessoas: o pescador da casa do Ancoradouro, a mãe e a irmã de Asle e a Parteira-Nova. Asle nega.

Na Casa dos Petiscos o velho diz a Olav que sabe que ele é o Asle mas se ele lhe pagar uma cerveja não diz nada a ninguém. Olav nega.  

Conhece também Asgaut que lhe mostra uma pulseira que comprou. Saem todos. Agora Olav já quer ir comprar uma pulseira e não os anéis, para Asle. Caminha e uma rapariga pergunta-lhe se não a conhece (ele e Alida tinham batido à porta dela e ela tinha negado entrada a Alida). Ela quer que Asle vá com ela. Ele rejeita-a. 

Reencontra Asgaut e vai comprar a pulseira. A seguir volta à Casa dos Petiscos com Asgaut e reencontra o velho que o ameaça de novo. Sai e procura um sítio para dormir. Uma velha parada na rua oferece-lhe dormida. Ele vai com ela e em casa dela está a rapariga que o quis. E que o quer. E a velha pede dinheiro a Olav e ele diz que não tem. E a velha e a filha discutem sobre quem será o pai dela. E a velha expulsa a filha. E entra o velho, o que diz que sabe o que fez Olav. E diz à velha para ir chamar a Lei. Dois homens da lei vêm e levam Olav. Passam pela rapariga, que exibe a pulseira que roubou a Olav. E levam-no para uma cave e o velho é o Carrasco e Olav é enforcado, enquanto relembra todas as pessoas.

Na terceira novela, cabe a Ales, filha de Alida, revelar-nos um pouco do que sucedeu, depois do final da segunda novela, e assim encerrar o ciclo, ao mesmo tempo que parece ser visitada pela alma da mãe.  

FADIGA

O que aconteceu depois de Olav ser enforcado?


Apesar dos anos de intervalo entre as narrativas, subjaz-lhes uma unidade lógica, acompanhando as mesmas personagens em momentos distintos da sua vida, particularmente críticos nas duas primeiras histórias. Nessa unidade conflui ainda a linguagem, simples e lírica, numa prosa que se extravasa ao sabor do fluxo da consciência. As frases distendem-se infindamente, com pausas formais ditadas pelo diálogo das personagens, e a recorrência e a repetição contribuem para um ritmo circular. O próprio tempo esbate-se, entre constantes analepses, sonhos, alucinações e visões de futuro. 

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