quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Werther - Goethe


4 de maio de 1771: Werther partiu, abandonando o amigo, Leonor e a mãe. Está na cidade da tia, a reclamar uma herança. Passa muito tempo num jardim paradisíaco.

10 de maio: está só.

12 de maio: o prazer das fontes.

13 de maio:  tem um coração ardente.

26 de maio: está alojado em Wahlheim. Perto há uma loja com duas tílias.

30 de maio: O que ultimamente te disse com respeito à pintura pode também perfeitamente aplicar-se à poesia. Com efeito, de que se trata? De encontrar o que é verdadeiramente belo e saber exprimi-lo: é isto em verdade, dizer muito em poucas palavras. 

O emocionante camponês dedicado à viúva.

junho

Werther apaixona-se perdidamente por Carlota, que está comprometida com Alberto. Werther deseja morrer. Carlota, quando a mãe morreu, prometeu cuidar dos irmãos para sempre.

SEGUNDA PARTE

Outubro

Werther inicia a vida social para tentar esquecer o sofrimento. Conhece o embaixador, que detesta, e o conde, com quem simpatiza. Conhece a encantadora menina B, a quem fala muito sobre Carlota.

Carlota e Alberto casaram-se.

Werther cai nas más graças da corte e vai viver para casa do príncipe. 

Aí farta-se do pouco espírito do príncipe. Imagina que Alberto morre e que ainda poderá vir a casar-se com a amada Carlota.


Página 121

Carlota ausentou-se por alguns dias para ir ao encontro de Alberto. Ontem, porém, fui visitá-la. Veio ter comigo e eu beijei-lhe a mão com indizível alegria.

Um canário, que estava pousado à solta sobre um espelho, vou-lhe por cima do ombro.

-É um novo amigo! - disse ela. - Dei-o a meus irmãos. Como é mansinho, não acha? Quando lhe dou pão, bate muito as asas e dá umas bicadas com tanta graça! E também me dá beijos! Quer ver?

E ofereceu a boca à avezinha que meteu o boquinha, com meiguice, entre aqueles doces lábios, como se apreciasse as delícias daquele beijo.

-Também o há de beijar ao senhor! - disse ela, aproximando a ave da minha boca.

O bico passou dos lábios de Carlota para os meus, e a impressão das bicadas que recebi foi para mim como que a mensageira de gozos celestiais.

-Este beijo é egoísta! - disse eu. - O que ele quer é que lhe deem de comer, não lhe agradam festas a seco…

-E também come da minha boca…

E apresentou-lhe uma migalha de pão nos lábios entreabertos, nesses lábios em que sorriam todas as alegrias inocentes, todo o êxtase, todo o ardor de um amor partilhado.

Desviei o olhar. Ela não devia ter feito aquilo! Não devia inflamar-me a imaginação com aqueles quadros de venturosa inocência, nem despertar-me o coração…


Sem comentários:

Enviar um comentário