quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Verão - Ali Smith

 


Verão - Ali Smith

PARTE 1
Os indiferentes, os não indiferentes e a imagem de um homem com duas malas a caminhar pelos telhados de uma cidade, quase a cair.

Sacha, de 16 anos, tem de escrever um texto sobre o perdão.
Ashley, mãe de Sacha, que ralha com ela: a internet não é uma fonte primária. 
Sacha tem um irmão de 13 anos, Robert. O pai, saiu de casa e vive no apartamento ao lado.

Sacha tem um amigo sem-abrigo, Steve; ele disse-lhe que tinha visto autocarros cheios de sem-abrigo que são despejados em Estados que não têm deputados do Partido Conservador.
Sacha vai para a escola, mas recebe uma mensagem do irmão a pedir que vá ter com ele à praia porque precisa de ajuda.
Robert é anárquico na escola e é brilhante. Faz frequentemente afirmações, citações de Boris Johnson e de outros dirigentes de direita, que provocam grande desagrado.
Mel, uma amiga chinesa de Sacha.
Na praia, Robert pede a Sacha que feche os olhos e cola-lhe uma ampulheta na mão.

Robert falta às aulas. Divaga sobre o pai e namorada neonazi, sobre o jogo do Tormento, sobre torturas sobre o superior Einstein e o inferior e mentiroso Boris Johnson. 
Em casa, a jogar, ouve uma conversa no rés do chão. Sorrateiramente, desce e a mãe descobre que ele está em casa e não na escola. A seguir, é surpreendido pela beleza de Charlotte que, na sala, conversa com a mãe, Grace, e com a irmã. Charlotte está com um homem: ambos ajudaram a irmã dele na praia e levaram-na ao hospital. Não parecem saber que foi ele que colou a ampulheta na mão dela: ela não contou o que aconteceu. A mãe conta que o pai saiu de casa e vive ao lado, com a Ashley, 20 anos mais nova do que ele.

Páginas 86-87
Ashley está a escrever um livro, um léxico sobre as palavras usadas pelos políticos. Robert já leu algumas partes. O principal visado é Boris Johnson que chama marcos de correio às mulheres árabes que usam véu e burca. E diz que as emissões de CO2 estavam a conservar a temperatura do mundo como um abafador conserva a temperatura de chá. E a irmã de Robert confirma: a mãe da amiga Ayat foi atacada por um inglês que lhe queria enfiar um envelope na ranhura da burca, numa lavandaria. O primeiro-ministro é acusado de instigar à violência e às más práticas ambientais. 

Charlotte e o homem parecem ser ativistas: estavam na praia a fazer uma reportagem sobre a poluição e descargas de poluentes recentes no mar.
Vão para o norte, porque a mãe de Art, o homem que acompanha Charlotte, morreu e fez um pedido: levar uma pedra a um compositor de 60 anos que vive em Suffolk. Convidam Robert, Sacha e a mãe para irem com eles, à aventura. Art agrada à mãe de Robert.

À saída falam que foram visitar um homem chamado Hero que está preso, por ter escrito coisas num blogue contra o governo.
Falam da SA4A a empresa que controla a eletricidade e que transporta os sem-abrigo de cidades que apoiam o governo para cidades que não o apoiam.

Art ou Arthur tem uma pedra de mármore num saco, que a mãe pediu que entregassem ao homem de Suffolk.
Charlotte revela saber que Robert colou a ampulheta na mão da irmã: o coração de Robert cai dentro dele como uma pedra que caísse através de águas profundas (página 104).

1 de maio de 2020
Carta de Sacha a Mr. Hero, que está preso há 3 anos, sobre os andorinhões pretos.

PARTE 2
Um grupo de estrangeiros inimigos, dos ingleses ou dos alemães, de um tempo que não consigo determinar. 
São personagens oriundas da segunda guerra mundial, artistas perseguidos pelos nazis? Ou presos ou refugiados num Centro de Detenção de Imigrantes Ilegais, o Campo de Hutchinson, em Douglas, na Ilha de Man.
Daniel Gluck, o pai dele, Walter Gluck, William Bell, Paulina, a enfermeira, os guardas que os vigiam, Cyril, Klein, Zelig, anos 40, fantasmas num tempo indeterminado. O Cyril morreu em 1970. 
Em Wakefield a artista Barbara Hepworth fez a pedra que representava o filho. A pedra continuou com Daniel.
Mais personagens: Mr. Uhlman, Kurt, que vive como um cão.
O Cyril e Daniel parecem ser namorados.

Hannah Gluck, irmã de Daniel, mais nova, divaga pela poesia e pelas páginas em tempo pós-guerra. Entrega a filha a Madame Etienne. 
Ela é a irmã de outono e ele o irmão de verão. 
O que se passa, neste deambular oprimido?

15 de junho de 2020
Nova carta de Sacha a Hero. Conta-lhe que a pandemia matou vários vizinhos idosos e parou o negócio do pai. Se a Ashley, a companheira do pai, não pagasse as contas e comprasse comida para todos, não teriam dinheiro para nada.

O sentido moderno de herói equivale a fazer incidir uma luz intensa em coisas que precisam de ser vistas.
O verão chegará ao fim quando olharmos para o céu e nele não virmos nenhum andorinhão-preto.

PARTE 3
Lorenza Mazzetti, na década de 1950, chega a Inglaterra. É a realizadora das imagens dos surdos-mudos do início da parte 2 e do funambulista no início da parte 1. 
No passaporte escrevem-lhe: estrangeira e indesejável.
No passado, em Itália, Lorenza sobreviveu com a irmã gémea à morte da família adotiva, os Einstein, pelos nazis, em 1944. Procuravam o tio de a até Lorenza, Robert Einstein, primo de Albert Eisntein.
Incapaz de trabalhar seja onde for, Lorenza inscreve-se numa escola de Artes: a sua verdadeira vocação é filmar e escrever.


Grace, Sacha e Robert, em Suffolk: ao meio-dia terão de apanhar um comboio de regresso a Londres.
Grace vai sozinha a um antigo teatro ou igreja, onde, há 3 décadas, passara um belo dia de verão. Tinha vinte e poucos anos, dormia com 2 pessoas, Tom e Jen, e conheceu ali na igreja um padre carpinteiro com quem conversou nessa tarde. Ela era atriz e fora representar O Conto d’Inverno. Depois daquele verão, Tom e Jen desapareceram da vida dela. Foi como se se tivesse literalmente transformado noutra pessoa. Mas disso não se lembra.
A igreja agora está dentro de um campo cercado por arame farpado vigiado pela SA4A: um campo de detenção de imigrantes ilegais.
Deu a volta ao campo e entrou na igreja: viu uma lápide que o homem lhe tinha mostrado há muitos anos. A seguir foi embora: tinha um comboio para apanhar.

Art e Charlotte, não-companheiros por opção, falam um com o outro por telefone. Ela vive na casa da família dele, na Cornualha, na costa oeste, onde instalaram a sede do blogue. Ele na costa leste, com a nova namorada.

Íris, tia de Art, aconselha Charlotte a mudar o blogue Art(e) na Natureza e passar a escrever sobre a corrupção na política e no governo inglês, que gere tão mal a pandemia. A determinação de Íris derrotou o ativismo ecológico em Charlotte. 

Esta conta-lhe que tinha ido com Art visitar o centro de detenção de imigrantes ilegais e que um virologista lá detido os alertara para a perigosidade do vírus, numa fase em que a Inglaterra o negava. O governo vai libertar os imigrantes porque não quer publicidade negativa, que ocorrerá se eles morrerem com o vírus, no Centro, que não tem quaisquer condições. Íris propõe receber alguns na casa delas.

A pandemia está a tornar os muros e as fronteiras e os passaportes tão insignificantes quanto a natureza sabe que são.

Robert Greenlaw enviou um violino mini a Daniel Gluck, que Art e Charlotte e Grace, Sacha e Robert visitaram no Centro de Detenção. 
Daniel Gluck achou que Robert era a filha que lhe tinha desaparecido. A pedra que Art levara tinha sido entregue a Daniel Gluck: Einstein significa “uma pedra”. Einstein tocou violino em criança. Foi lá no Centro que Art se deixou encantar por Elisabeth, a atual companheira.

É Charlotte que admira o filme de Lorenza Mazzetti.

As línguas não existem separadamente. São como uma família. Estão constantemente a alimentar-se umas às outras. O conceito de língua isolada é inexistente.

Antes, em Suffolk, Charlotte fora com Robert e Sacha a Roughton Heath, onde em 1933 Einstein estivera escondido um mês para fugir a Hitler. Antes estava na Bélgica: os nazis publicaram cartazes com a foto dele e a legenda Ainda por Enforcar. Depois foi para a América.

Robert diz a Charlotte que o que colou no pulso de Sacha não era uma simples coisa de vidro: era o tempo.

1 de julho de 2020: Hero é um imigrante vietnamita e vive agora com mais 15 refugiados na casa de Íris e Charlotte. Escreve a Sacha a agradecer as cartas sobre os andorinhões e a dizer-lhe que vai haver mais verão pela frente…






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