segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O vendedor de passados - José Eduardo Agualusa

O vendedor de passados

Um pequeno Deus noturno: a osga | o albino Félix Ventura | sobrevivas mulheres que ele leva a casa e que sentem repulsa dele.

A casa: a velha Esperança a criada sobreviveu a um massacre em casa dum líder da oposição (a Esperança é a última a morrer).

O estrangeiro: visita o albino para comprar um passado e um presente, é um brasileiro branco repórter de Guerra que quer esquecer tudo e recomeçar como angolano. O pai do albino era um alfarrabista que trocou Luanda por Lisboa. Eles falam da osga: é uma osga-tigresa.

Um barco cheio de vozes: o estrangeiro deixou-lhe 5000 dólares. 

O albino conta a história da sua vida à osga: bebé, apareceu à porta de Fausto Bendito Ventura, que o adotou. O professor Gaspar ensinou-lhe vocabulário inusitado.

Sonho 1: a osga sonha que ninguém na rua a vê. Ela era um homem que reencarnou em osga.

Alba: era o nome da mulher que aos 18 anos desvirginou o jovem que reencarnou em osga e que o traumatizou porque ela era amante do pai dele.

O nascimento de José Buchmann: o passado criado por Félix Ventura: era de Chibia, no sul de Angola, dos Buchmann, uma família de Bóeres, brancos que exploravam a terra e o gado antes de os madeirenses fundarem a cidade. O avô era Cornélio Buchmann. O pai Mateus casou tarde com uma artista americana, Eva Miller, que fugiu para a América.

Félix Ventura conhece uma nova mulher muito interessante: Ângela Lúcia, pura luz!

Sonho 2: o rapaz e o cão e a voz de Deus

Um esplendório: Ângela Lúcia é culta como o Albino: conhecem todo o Eça e Camilo. Ela tem um projetor com slides de paisagens do mundo. Ela é fotógrafa de nuvens.

A filosofia de uma osga: a osga estuda há semanas José Buchmann. Este aparece e diz que esteve em Chibia, onde o albino lhe disse que ele nunca deveria ir, e viu a campa do suposto pai, Mateus Buchmann.

Ilusões: parece à osga que aquele estrangeiro foi José Buchmann toda a vida.

Na minha primeira morte eu não morri: encostei o revólver à nuca, depois de ler um livro, e adormeci.

Sonho 3: a osga sonhou que ganhara forma humana e tomara chá com Félix e que conversou com ele sobre as invenções dos escritores e as invenções de Félix Ventura. Este conta a Ângela Lúcia que sonhou que conversava com a osga.

Espanta-espíritos: Félix convidou Ângela e Buchmann para jantar. A osga viu tudo do alto de uma estante. Buchmann inventa mais memórias da juventude e do passado do que as que Félix lhe vendeu.

Sonho 4: a osga, outra vez ser humano, conversa com Félix sobre a loucura e a cor da pele.

Eu, Eulálio: Félix conta a Ângela o sonho e dá à osga o nome de Eulálio.

A chuva sobre a infância (de Félix): as pragas de gafanhotos e de formigas guerreiras. Na catequese eu achava que a eternidade era um outro nome para as férias grandes.

Entre a vida e os livros: escolhe os livros.

O mundo pequeno: Buchmann vendeu uma reportagem a uma revista americana e foi a Nova Iorque procurar Eva Miller. Encontrou uma amiga dela e descobriu que é “mãe” estaria na Cidade do Cabo.

O lacrau: nem sabia o que era a maldade. Ou seja: era absolutamente mau.

O ministro: que comprou o passado de Salvador Correia, o carioca ascendente de um Salvador Correia que libertou Luanda do domínio holandês.

Um fruto dos anos difíceis: Félix conheceu Ângela numa inauguração de uma mostra de pintura. Disse-lhe que era genealogista. Ela ganhou uma máquina de fotografar aos 11 anos e nunca mais fez outra coisa.

Sonho 5: comboio e xadrez entre a osga e Buchmann.

Personagens reais: Félix Ventura escreve a autobiografia do Ministro que fundou as Padarias União Marimba, “A vida verdadeira de um combatente”.

Anticlímax: Buchmann descobriu que a “mãe”, Eva Miller, morreu na Cidade do Cabo.

As vidas irrelevantes: a osga, na sua anterior reencarnação, afastava as mulheres por causa do trauma com Alba.

Edmundo Barata dos Reis: José Buchmann aparece com um mendigo seu modelo fotográfico, comunista assumido, ex-agente do regime, defensor da ideia de que substituíram o presidente por um duplo.

O amor, um crime: Félix e Ângela beijam-se e… ela só não quer que ele a dispa. A osga depois percebe porquê: ela tem o corpo cheio de cicatrizes. 

Às 4h da manhã aparece Edmundo perseguido por José Buchmann: Edmundo lembrou-se de que José era Pedro Gouveia, um dos fraccionistas (que após o 25 de abril de 1974 queriam dividir o partido em dois e depor o presidente Agostinho Neto e não conseguiram graças à oposição dos comunistas cubanos) a quem perseguiu há muitos anos, prendeu, matou a mulher e cuja filha bebé torturou com queimaduras de cigarro: Ângela pega na pistola de José e mata Edmundo.

O grito da buganvília: Ângela vai enviando fotos dos locais por onde passa. Félix diz à osga que não perdoa Ângela.

O mascarado: um homem importante a quem fizeram uma plástica que lhe mudou o rosto quer comprar um passado humilde para ninguém saber que ele já foi importante.

Sonho 6: a osga sonha que se encontra em Chibia com José Buchmann que lhe conta que quis convencer Félix de que era realmente filho de Eva Miller para ser mais difícil saberem que era Pedro Gouveia, pai de Ângela. Saiu da prisão em 1980 e foi para Portugal convencido de que a filha estava morta. Regressou para se vingar…

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