domingo, 7 de abril de 2024

Princípio de Karenina - Afonso Cruz


Princípio de Karenina
O narrador conta à filha o princípio da sua vida. A mãe conseguia ser feliz em qualquer parte do mundo. O narrador está no “Inferno”!!?? 
A filha não fala a mesma língua!?

Em criança, o pai do narrador temia o estrangeiro, ou todo espaço exterior ao lar.
Tem um pé deformado e é coxo.
A criada da Mealhada, a mãe, o Dois Metros, o melhor amigo do narrador.
A casa cheira muito mal: o pai morre. A mãe vive um conflito entre a perda e o alívio.
As três tias do norte vieram ao funeral: uma delas morre daí a seis meses, de AVC.

O narrador cresce. Já vai à praia, com as tias, a S. Pedro de Moel. Era o pai que barbarificara o mundo. E descobre mais interior e mais exterior.
E descobre o amor pela mãe, uma estrangeira também, no fundo.

O narrador, com 18 anos, sente-se inferior ao da Herdade Nova, bonito, alto e atlético. E acha que a Fernanda da Farmácia nunca o escolherá a ele, por ter um pé deformado. Convida o rival para uma luta por ela: este diz-lhe que não a quer para nada, porque ela nada vale, e dá-lhe um soco, partindo-lhe 2 dentes. O da Herdade Nova acaba por ir para a guerra, para a Guiné. Mas o narrador não procura a Fernanda. Foram as duas tias que o convenceram de que ela gostava dele. E casaram-se! Mas no primeiro beijo, o narrador só pensava no que o da Herdade Nova lhe tinha dito: que ela não valia nada. Ela amava-o de facto. Mas as cópulas e a afetividade eram formais, apenas para fecundação, muito por culpa da educação de barbarificação que o pai lhe deu. Mas os filhos não nascem
E por a criada da Mealhada estar velhíssima, a mãe do narrador contrata uma nova criada: uma oriental belíssima, aquela que vai ser a mãe da filha do narrador, a quem ele escreve este texto.
Ele apaixona-se por ela e ela por ele. Ela engravida e antes de ele decidir divorciar-se, ela regressa à Cochinchina porque o pai estaria a morrer. Como Fernanda cuida da mãe do narrador, que está muito doente, ele adia o fim do casamento e a ida para a Cochinchina ter com a oriental.
A filha nasce e a oriental escreve uma carta a perguntar ao narrador quando vai ter com elas. Ele decide ir, mas a mãe morre!
Entretanto Fernanda engravida e aborta e ele não tem coragem de a deixar, tão triste. E os anos passam. É um dia Fernanda morre, picada por abelhas. E ele decide finalmente partir, muitos anos passados.
Vai ao Vietname, a Ho Cho min, ao Camboja, a Pnom Pen. Os pais da oriental tinham morrido e ela tinha desaparecido: deixou uma carta onde lhe explicava que tinha partido porque Fernanda a chantageara!

Vinte anos depois, reencontra a filha num avião, sem lhe dizer que é seu pai. Consegue viajar sentado ao lado dela. Ao despedirem-se no aeroporto, ela abraça-o e esconde no casaco dele um saco de canabis.
Ele está há três anos numa prisão e escreve este texto.

 

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