Sinopse
Perder tragicamente a mãe, Sacha entra numa busca desequilibrada para reencontrar a sua imagem no corpo e rosto de todas as mulheres. Viajando das ruas luminosas de Lisboa aos corredores escuros do metro parisiense, o protagonista perseguirá a figura maternal de forma obsessiva. Tem um buraco no peito que precisa desesperadamente preencher.
Um pai inesperado, prostitutas de coração grande e produtores de cinema capazes de verem para lá do imediato, são algumas das personagens inusitadas que se cruzarão no caminho de Sacha, num universo em que as mulheres podem abraçar um lado masculino e os homens deixar bater um coração de mulher. Materna Doçura é um romance sobre o amor materno, mas, ao mesmo tempo, um manifesto sobre a importância de olhar todas as pessoas com compaixão e respeito. Escrito com irreverência e imaginação, leva o leitor da primeira à última página com uma voracidade feita de humor, emoção e drama. Neste livro, ninguém se perde, mesmo aqueles que deixaram a luz para trás, há muito. Personagens ou leitores.
Sinopse
O romance, dividido em três partes, inicia-se com o protagonista, Sacha, o dos olhos azuis, a entrar na prisão por ter feito em videocassetes filmes considerados pornográficos ou incestuosos sobre a relação mãe-filho. Não havendo cenas explicitamente sexuais, aparecem aí jovens nus abraçando ou passeando ao pé das mães grávidas, também despidas. Um narrador omnisciente vai-nos oferecendo toda a vida do protagonista, marcado pela perda da mãe verdadeira, em longas analepses. O relato focaliza na ternura, nos afetos, na «materna doçura», procurada em todas as mulheres que Sacha ama, mesmo naquela com quem casa e descasa, toda a sua intensidade enunciadora.
Uma praia atlântica, a casa de putas, um tribunal, Bordéus, Paris, são cenários minuciosos (portentoso mergulho no submundo da capital francesa) por onde somos hipnoticamente guiados no seguimento da personagem protagonista, que adorava a mãe e um dia, ainda criança, matou o padrasto quando este a espancava.
Outro homem, ligado à mãe e chamado 'o Professor', salva-o da casa de correção e dá-lhe o afeto e amor de pai. Porque há irredimíveis solteirões que podem amar como ninguém os filhos que não tiveram, assim como há grandes mães pretas que iluminam os bordéis lotados por filhas carentes.
Enfim, Sacha perde o norte, vive na França, anda com várias mulheres, ganha dinheiro, gasta dinheiro, conhece orgias. E chega a viver na rua. Só quando Sacha é pai, e tem um filho, e brinca com ele, é que se acalma.
E se instala em Sacha e no mundo a serenidade da imagem maternal. A beleza do livro é por vezes violenta. O risco do pornográfico é apenas anedota – porque contornado pela ternura. E pela nobreza da escrita. Transgressão. Ironia. Afetos. Amor. Até tudo valer a pena.
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