sábado, 19 de abril de 2025

O testamento do Sr. Napumoceno Silva Araújo, Germano Almeida

Na leitura do Sr. Napumoceno estiveram presentes o notário, o Sr. Américo Fonseca, colega do falecido, o Carlos Araújo, o sobrinho herdeiro, o Armando Lima, contabilista aposentado, também colega de Napumoceno. 

A novidade foi que a maior parte da herança ficou para uma tal Maria da Graça e o Carlos ficou com algum, mas muito menos do que esperava.

O Sr. Napumoceno teve uma filha de uma amante, empregada de limpeza do escritório. Terá agora uns 25 anos. É ela a herdeira.

Carlos julgara-se o único herdeiro da firma Ramires-Araújo Lda, importações e exportações. Mas a D. Chica teve mesmo uma filha de Napumoceno, que a mantinha economicamente, em segredo.

Além disso, Carlos que tratou do funeral constatou que Napumoceno só tinha um fato.

No longo testamento, Napumoceno conta que mandou o sobrinho para a escola e cuidou dele e quando este tomou conta da firma e ele se dedicou a outras atividades até ao dia fatídico em que Carlos deixou de merecer a sua confiança. Carlos conta a Maria da Graça como era Napumoceno.

IV

O primeiro sucesso comercial do Sr. Napumoceno foi a venda de 10000 guarda-chuvas encomendados por engano, graças a uma chuva de uma semana, tão inusual em Cabo Verde. 

N terá estado apaixonado por D. Jóia, uma emigrante que conheceu em Boa Vista, mas que se foi embora de novo para a América.

Tornou-se também vereador e foi ganhando dinheiro e aumentando a forma. Contratou D. Chica como empregada da limpeza e fecundou-a.

V

Até aos 30 anos, N trabalhou para a L. Batista e começou a construir a sua casa no topo do monte com vista para a baía. Quis constituir família.

Mas só aos 40 anos conheceu Adélia e apaixonou-se perdidamente por ela e fizeram amor muitas vezes, mas ela pertencia a outro homem e quando ele voltou acabou tudo com N.

VI

 E um dia, já ele a tinha esquecido, ela voltou para ficar com ele, mas ele já não a quis, já não sentia o que sentiu da primeira vez.

VII

Graça tentou descobrir a Adélia, porque N lhe deixou o livro Só, de António Nobre, em testamento, mas nada conseguiu. Na pesquisa, descobriu uma pasta com textos e poemas, destinada a ela, Maria da Graça. E num desses textos estava a explicação do afastamento de N de Carlos e de o deixar de considerar família, a ponto de pouco lhe deixar em testamento: Carlos terá deixado uma mensagem gravada no telefone a destratar N. Por isso e para retirar o protagonismo a Carlos, N decidiu fazer sociedade com os Ramires, sem saber que eles estavam nas lonas.

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