“Naquela altura eu não percebia as mulheres. Aliás agora também não. Nem os homens. Nem os animais. O que percebo melhor, e não é dizer muito, são as minhas dores.”
O PRIMEIRO AMOR: A novela começa num cemitério e termina com um parto. Há espaços que se percorrem: uma casa, um banco de jardim, um estábulo, outra casa. Uma voz, sem nome, fala e consegue contar uma história, a sua. Deprimente, escatológica, lírica, divertida. Mais ou menos uma história de amor. Podia ser outra, diferente mas parecida.
O PRIMEIRO AMOR faz parte de um conjunto de quatro novelas, os primeiros textos de ficção que Beckett escreveu em francês, no pós-guerra, antes de À ESPERA DE GODOT. As outras chamam-se O EXPULSO, O CALMANTE e O FIM, monólogos de vagabundos e inadaptados, com o crânio numa lástima, atravessadas por temas, lugares, objectos e expressões comuns. Ainda se contam histórias, ainda há uma espécie de personagens. Depois, só bocados e vozes, interrupções do silêncio.
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