A leitura que envolve
Mesmo que fosse só por espírito de contradição, o professor decidiu emprestar um livro de que gostava muito à sua aluna, com a esperança de que talvez aquele livro a entusiasmasse a adquirir o hábito de leitura. Apesar dos esforços dos pais e dos professores, até aí, ela tinha demonstrado ser imune aos encantos dos clássicos, à poesia, aos esforços de Camões ou de Eça, de Camilo ou de Cesário.
Nunca me tinha sentido agarrada, seduzida e envolvida por uma história como a que aquele livro narrava – explicou a aluna. – Até então para mim as leituras eram uma obrigação, uma espécie de multa a pagar a professores e tutores sem saber muito bem para quê. Eu não conhecia o prazer de ler, de explorar portas que se abrem na nossa alma, de nos abandonarmos à imaginação, à beleza e ao mistério da ficção e da linguagem. Tudo isso para mim nasceu com aquele livro.
Já beijaste alguma vez uma rapariga? É essa mesma sensação, essa faísca da primeira vez que não se esquece. Aquele livro mostrou-me que ler me podia fazer viver mais e mais intensamente,...
(adaptado)
http://conhecertudoemais.blogspot.com/2017/09/a-sombra-do-vento-carlos-ruiz-zafon.html
